16/03/2012

Jardins

O que eu não posso é medir a minha vida pela sua.
Não posso querer só porque você quer.
Não nascemos colados. Não necessitamos um do outro.
Não é sadio pensar, lembrar.
Eu também cuidei de mim. Cuidei do meu jardim.
Cuidei e ainda cuido. Quis fechar esse jardim e cuidar dele sozinha.
A pessoa que sou é mutável. É crescente. Amanhã já não serei mais a mesma.
E ainda sei que serei melhor. Tive muito tempo para pensar.
Para me amar. Para me querer bem. Para me superar. Para encantar.
E não vou desperdiçar tudo isso agora. Não, jamais desperdiçarei.
Prefiro morrer um pouco a cada dia e, no final da jornada, ter vida eterna que fingir plenitude.
O que existe é o eu. É só isso o que existe. Preciso constantemente mudar para sempre ser eu mesma.
Sou palavra e também o seu eco.

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